Seminário representa um marco histórico para o setor
A tarefa, que há alguns meses parecia árdua, foi realizada com bastante êxito. Conseguimos reunir os melhores especialistas nas áreas que consideramos cruciais para o desenvolvimento do setor, e ainda tivemos a presença do embaixador da Índia, Ashok Das, que ao lado do presidente do ICA, Clemente Sabbagh, apresentou informações valiosas sobre o funcionamento do mercado indiano, maior produtor e consumidor de joias mundo. Sabbagh, por sua vez, complementou o panorama internacional com sua visão sobre a Tailândia, outra potência no segmento de joias e pedras preciosas.
Os cases internacionais são exemplos de como as políticas públicas podem fomentar o setor, através de uma sistema tributário adequado e com incentivos à qualificação profissional, visando gerar empregos e movimentar a economia. A questão tributária foi amplamente debatida pelos advogados Caio Bartine e Tatiana Biar, com a participação do subsecretário Paulo Renato Marques, que falou com propriedade sobre a importância dos incentivos fiscais na formalização das empresas. O nosso setor é um dos que melhor comprova a teoria da curva de Laffer, que mostra que, a partir de um determinado ponto, o aumento na cobrança de impostos gera diminuição na arrecadação, porque as empresas passam para a informalidade.
E como bem vimos, a informalidade constitui um dos nossos maiores desafios, que para o público presente, em votação online, seria o mais urgente dentre os sete que apresentamos para serem atacados nos próximos anos. Os outros seis, retirados de um amplo estudo realizado pela FGV Projetos, em parceria com a Fecomércio-RJ, com empresários do Rio, São Paulo e Belo Horizonte, referem-se ao reposicionamento do produto joia; adequação tributária; contrabando, receptação ilegal e concorrência desleal; burocracia; deficiência tecnológica e segurança pública e privada.
Não devemos, no entanto, apenas esperar do poder público as soluções para os nossos problemas. A agenda desenvolvimentista apresentada pelo vice-presidente do IBGM, Manoel Bernardes, chama, para nós, enquanto empresários e representantes de instituições, a responsabilidade pelas ações que poderão nos levar a um crescimento mais expressivo.
Da minha parte, acredito que o reposicionamento do produto joia represente o desafio número um para as próximas décadas. Será que estamos envelhecendo junto com o nosso produto? Este é um questionamento que devemos fazer constantemente. Estamos diante de um mundo fluído, em que a tecnologia nos impõe mudanças cada vez mais vertiginosas. Como encaixar a joia neste paradigma e conquistar os consumidores mais jovens? Desde o ano passado, vimos nos debruçando sobre este tema, pensando em formas de ressignificação da joia, resgatando os valores ligados à emoção e ao afeto que sempre estiveram no DNA do nosso produto.
Com esta pequena síntese de tudo o que debatemos no seminário deste ano espero manter vivas, em cada um de vocês, as ideias que surgiram do nosso encontro. Mais do que isso, que coloquemos em prática as ações às quais nos propomos para o desenvolvimento do nosso setor e que no próximo seminário já possamos contabilizar algumas vitórias.
A Carta do Rio, lida ao fim do seminário, será encaminhada pelo IBGM aos sindicatos e associações para ser assinada e entregue ao novo governo. Este será o primeiro passo do plano que traçamos para o nosso setor e que teve como marco o quinto seminário de atualização tecnologia. Não tenho dúvidas de que esta edição será histórica.